O procurador da República Roberto Dassié Diana pediu à Corregedoria da Polícia Federal em Brasília uma correição extraordinária na Superintendência da PF de São Paulo para averiguar a situação de todos os objetos apreendidos pela PF desde 2003. Há suspeita de que desapareceram drogas e armas que integravam inquéritos. Ele quer que a Controladoria Geral da União participe da apuração.
A assessoria da Procuradoria informou que no prédio da superintendência sumiram, entre 2003 e 2005, 530 gramas de cocaína, "25 kg de drogas" e "136 pacotes contendo entorpecentes". Teriam sido extraviados ainda um livro e um CD-Rom enviados pela CPI da Pirataria, 30 caixas de cigarros apreendidas, além de armas e munições.
O procurador Dassié, que atua no grupo de controle externo da atividade policial, é também o responsável por averiguar a representação protocolada pelo delegado Protógenes Queiroz sobre suposto boicote da administração central da PF à Operação Satiagraha.
O procurador cobra, desde julho, explicações da PF sobre os gastos feitos pelo órgão ao longo da Satiagraha. A PF alega ter desembolsado R$ 460 mil, mas Dassié quer saber objetivos e comprovantes dos gastos.
O procurador também foi contrário às buscas e apreensões nas casas de três policiais que atuaram na Satiagraha, entre os quais Protógenes, o que gerou novo atrito com a PF. Mesmo sem a concordância do procurador, o delegado Amaro Vieira Ferreira obteve as ordens com o juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Ali Mazloum.
A Procuradoria nega que a ação esteja relacionada à investigação sobre a Satiagraha. Segundo a assessoria, o Ministério Público tem feito o controle externo da PF sobre outros temas. Neste ano reiterou pedido de acesso aos procedimentos abertos para apurar desvios de condutas de policiais --sem resposta. O mais recente procedimento de controle tem origem em Ribeirão Preto, em agosto, antes da polêmica sobre as buscas contra Protógenes.
Segundo a assessoria, a correição na PF deve verificar a localização e registro de "todos os objetos apreendidos e acautelados na PF em São Paulo desde 2003" e listar as providências tomadas. Procurada ontem, a assessoria da PF paulistana disse que "a PF não se manifestará sobre o assunto". Em nota, a Procuradoria informou que parte dos sumiços de objetos já é averiguada internamente.
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