quinta-feira, 12 de julho de 2012

Mandato de Demóstenes Torres é cassado no Senado


Com o placar registrando 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, o Senado aprovou nesta quarta-feira (11/7) a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres. Assumirá o mandato de senador o primeiro suplente de Demóstenes, Wilder Pedro de Morais, que é ex-marido de Andressa Mendonça, atual mulher do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Demóstenes foi condenado à perda de mandato pela acusação de ter se colocado a serviço da organização criminosa supostamente comandada por Cachoeira. O senador está, agora, inelegível até 2027.
Após a divulgação do resultado pelo painel do Senado, Demóstenes não esperou a proclamação pelo presidente do Senado, José Sarney. Ele se levantou, acompanhado de seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e seguiu para elevador privativo que o levou até a saída do Senado.
Em seu discurso de defesa, Demóstenes Torres se disse vítima da imprensa e atacou o relator do seu processo no Conselho de Ética, senador Humberto Costa (PT-PE).
Demóstenes reclamou de ter sido chamado de "braço político" e de "despachante de luxo" de Carlinhos Cachoeira, acusado pela Polícia Federal de comandar uma organização criminosa com a participação de políticos e empresários. "Fui moído, triturado, achacado na minha dignidade", reclamou o senador. “Fui chamado de despachante de luxo, braço político. Como é que eu vou me defender disso, se é como acusar a mulher de vagabunda. Tudo que ela disser vão dizer que ela está equivocada.”
Segundo documento entregue no início da semana aos senadores pelos advogados de Demóstenes, a cassação abre “um precedente perigoso”. “Delegados, agentes de polícia e procuradores passarão a entabular estratégias com vistas a interceptar pessoas próximas a parlamentares. Amigos, assessores, familiares passarão a ser monitorados como um meio de gravar ‘fortuitamente’ parlamentares-alvos. A investigação policial será um instrumento de controle político, tal como ocorre em estados ditatoriais e totalitários”, afirma a defesa do senador.
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ocupou por 15 minutos a tribuna do Senado. Ele defendeu que Demóstenes foi alvo de uma campanha difamatória e que é acusado por gravações que foram feitas de forma ilegal pela Polícia Federal. Além disso, de acordo com o advogado, os vazamentos criminosos das gravações ocorreram com o objetivo de provocar um prejulgamento tanto na Justiça quanto no Senado.
"Estamos aqui para falar da vida de um senador que foi submetido a gravações ilegais", disse o advogado. “Foram três anos um senador da República gravado indevidamente, ilegalmente”, enfatizou. Kakay também defendeu que a vontade dos eleitores de Demóstenes deveria ser respeitada pelos senadores. "Mais de dois milhões de eleitores trouxeram para cá o senador Demóstenes Torres", disse o advogado.
Demóstenes negou ter mentido no plenário do Senado ao se defender das denúncias. "Eu não menti aqui. Eu tenho a conduta parlamentar impecável. Quantas vezes eu procurei um senador aqui para pedir qualquer favor para Carlinhos Cachoeira?", questionou Demóstenes. Ele defendeu também que mentir não é quebra de decoro. "Eu não menti, mas mentir não é quebra de decoro. Um senador não pode ser julgado pelo que fala na tribuna porque senão não sobra ninguém", atacou Demóstenes.
O senador disse, ainda, que está sendo visto como um "bode expiatório". “Querem me pegar porque vai ficar mal para a imagem do Senado", ressaltou Demóstenes. Com informações da Agência Brasil.

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