sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Gestão da carreira passa pela descoberta da vocação

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Descobrir é dar à vista o que está acobertado pelo desconhecimento. Mas, ora, se há vocação — e aqui eu afirmo que todos a têm, seja lá qual for — porque ela está ou estaria acobertada, desconhecida?
Identificar a vocação do profissional é o ponto de partida para a construção da carreira. Ou seja, responder a pergunta: o que realmente eu gosto de fazer, continuar fazendo (cada vez melhor) ou vir a fazer? O que eu realmente faço bem, cujo resultado se destaca? E responder com embasamento. Não vale palpite ou o comum “eu acho...”.
A etimologia da palavra vocação nos leva à voz. Vocação é a ação de chamar — modernamente, clamar, ouvir a voz interior.
Todas as palavras que possuem o radical “voc” nos remetem à voz, à manifestação: evocar, invocado, vocábulo, vocalista, vociferar, vocativo, advocacia...
Mas, curiosamente, facilmente ouvimos as vozes exteriores, o mundo, e temos dificuldade em ouvir a nossa própria voz interior com clareza. Vem muito daí, os desacertos das escolhas de carreira.
Aqui há um enorme perigo. O mercado de trabalho pode levar ao engano, pois oferece muitas opções aparentemente atraentes, vários caminhos de carreira. As escolhas podem se basear em critérios enganosos, momentâneos, não consistentes, totalmente desvinculadas do “eu” do profissional.
É comum nos depararmos com o pensamento “escolha tal profissão, pois ela dá muito dinheiro; vá para tal lugar, porque lá é bom para trabalhar, pagam bem”. Tudo isso pode acabar de um dia para o outro e a carreira escolhida falece. E, antes do falecimento, gera muita infelicidade e improdutividade. Pode ser o desperdício de uma vida inteira.
Olhe à sua volta e constate se existem mais profissionais realizados ou frustrados, felizes ou infelizes. O ponto de partida seja qual for o estágio da vida do profissional, é a pessoa se conhecer bem para ter critérios sólidos e autenticamente próprios — isto é muito importante — em suas escolhas.
É o que chamamos de campo interno do profissional, com o qual ele se lançará ao campo externo, ao mercado de trabalho, ao mundo, ao desenvolvimento. Há muitas opções de trabalho na economia, que podem até ser trocadas ao longo do tempo.
Poucos conhecem o fenômeno cada vez mais comum da “carreira proteana”. Proteu era um Deus da mitologia grega, que, dentre muitas outras características, tinha a capacidade de metamorfosear-se, de transformar-se em outro ser, conforme as circunstâncias e as suas conveniências.
Assim, engenheiro vira financista, médico torna-se administrador, advogado transforma-se em restauranter e assim vai. Todos nós conhecemos abundantes exemplos da “carreira proteana”.
Não se trata de enganos. São escolhas que, se por um lado se submeterão obrigatoriamente ao experimento e a possíveis ajustes e talvez novas mudanças, por outro, pela sua seriedade, não permitem brincadeiras ou ouvidos a palpites não profissionais.

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