quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A DENGUE SEGUE MATANDO E A FUNASA EM EXTINÇÃO

POR: David Cavalcanti, Médico Sanitarista

A arquitetura da morte pela dengue foi tramada em 1998, quando Fernando Henrique Cardoso aceitou pano elaborado pelo alto tucanato que decidia extinguir a Funasa ou
pelo menos colocar seus servidores em extinção, abrindo importante brecha para a contratação de mão-de-obra barata diretamente pelas prefeituras, as quais poderiam assim angariar importantes cabos eleitorais pagos por verbas públicas. O tiro de misericórdia veio em 2002, quando a descentralização literalmente jogou os servidores qualificados da Funasa nas mãos de prefeitos e secretários de saúde sem qualquer noção da valorosa contribuição qualificada que recebiam sem custo do governo federal. O resultado era o previsto pela equipe de FHC: os servidores de carreira da Funasa foram desprezados enquanto que os terceirizados contratados por critérios político-eleitoreiros foram deixando de lado o combate às epidemias. Por causa disso, da irresponsabilidade do governo federal, as endemias foram retornando criminosamente e afetando nossas vidas. Dengue, malária, febre amarela, tuberculose e leishmaniose encontraram no abandono do combate sistemático, anteriormente realizado à exaustão pelos servidores da Funasa, o tempo/espaço necessário à proliferação e descontrolada. O presidente Lula teve nas mãos uma rara oportunidade de mostrar sua seriedade no trato da saúde pública, mas todos sabemos que a política de saúde dele não é lá essas coisas e o abandono prosseguiu. È desnecessário dizer que mais de cem mil casos de dengue estão previstos para 2010, sem falar no numero de mortes que poderiam ser evitadas se houvesse vontade política e se o Ministério da Saúde não fosse moeda de troca por apoio político, hoje nas mãos do PMDB, o qual sabemos, sempre ávido por cargos, nem sabe o que é política de saúde pública, elementar ou primária. Isso sem falar nos desvio de verba na Funasa, sempre relegados ao esquecimento pela conveniência das alianças espúrias. Para acabar com essa corrupção na alta cúpula (cópula), o governo quer extinguir a Funasa e, como disse um sindicalista paranaense, “mata-se o boi para acabar com o carrapato”, típica solução dos corruptos ativos e passivos. Lula vai sair e tanto Dilma quanto Serra, é o continuísmo da omissão e do descaso. Pobre saúde do povo brasileiro. Milhares vão morrer nos próximos quatro anos enquanto que os servidores da Funasa, cansados de tanto desprezo, só aguardam a obtenção de contagem especial para requerer aposentadoria e saírem de cena. Triste espetáculo este onde quem trabalha tem que sair e quem faz de conta insiste em mamar nas tetas da viúva, mesmo que esse mamar signifique matar boa parte do povo brasileiro de doenças primitivas facilmente combatíveis.

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