quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

OPERAÇÃO JUDAS - Fasanaro fala sobre como funcionava trânsito de dinheiro

POR: BLOG DO CARDOSO SILVA

Preso há cerca de um mês no Presídio Provisório Raimundo Nonato, Carlos Alberto Fasanaro Júnior, um dos acusados de participar do suposto esquema de desvios de recursos do Setor de Precatórios do Tribunal de Justiça concedeu entrevista exclusiva à TRIBUNA DO NORTE, na sala da direção do Presídio Raimundo Nonato. Entre as afirmativas de que agiu “inocentemente e não sabia a procedência dos recursos” depositados em sua conta bancária a partir de “favores” solicitados por George Luís de Araújo Leal, ele detalhou o que poderia ser um dos métodos utilizados por Carla Ubarana para desviar recursos destinados ao pagamento dos precatórios.
Preso no Presídio Raimundo Nonato, Carlos Fasanaro fala sobre como funcionava suposto desvio
Preso no Presídio Raimundo Nonato, Carlos Fasanaro fala sobre como funcionava suposto desvio
Com uma voz calma, Carlos Alberto Fasanaro Júnior explicou os motivos pelos quais cedeu aos pedidos de George Leal e forneceu o número de sua conta corrente para a movimentação bancária. “Nós éramos amigos de infância e eu confiava no George como se confia num irmão. Ele começou a me procurar para que eu fizesse aqueles favores não tem muito tempo e eu não recebia nada em troca”, relatou o ex-empresário do ramo da mineração, cuja empresa que administrava foi fechada há cerca de 10 anos. Fasanaro explicou que Leal argumentava que receberia um dinheiro a partir do pagamento de boletins de medição de obras executadas por sua construtora e precisava depositá-lo na conta do então amigo e vizinho de infância, sem detalhar os motivos ao amigo. Entretanto, de acordo com informações da Receita Federal, a CALL – Construtora Araújo Leal não está mais ativa. Atualmente, George Leal é sócio de Carla Ubarana numa empresa cuja principal atividade econômica é a construção de edifícios, a Glex Empreendimentos e Serviços Exclusivos Ltda. A empresa, porém, jamais participou processos licitatórios públicos e nem mesmo as investigações do inquérito da Operação Judas conseguiu identificar construções de imóveis ou empreendimentos diversos realizadas pela Glex. Estima-se que a empresa servia de fachada para a lavagem do dinheiro proveniente dos desvios realizados no Setor de Precatórios do TJ. Segundo informações de fontes da TRIBUNA DO NORTE, a conta bancária da Glex Empreendimentos teve uma movimentação superior a R$ 1 milhão no ano passado.
Questionado sobre os motivos pelos quais o esposo de Carla Ubarana pedia para depositar os recursos em sua conta e não na própria, Fasanaro disse que não sabia os motivos. Segundo relatos de pessoas que trabalham nas investigações relacionadas à Operação Judas, uma das razões explicitadas por George Leal durante oitiva realizada no início do mês, a transferência de valores entre uma conta e outra era feita para que a Receita Federal não o incluísse na malha fina do imposto de renda, além de não ter que pagar os impostos pelas transações bancárias milionárias. Em depoimento ao delegado Marcus Dayan, titular da Delegacia Especializada na Investigação de Crimes Contra a Ordem Tributária (Deicot), Fasanaro afirmou ter movimentado cerca de R$ 4 milhões em repasses para a conta de George Leal durante 2011. Após a prisão, Fasanaro solicitou ao diretor do Presídio Raimundo Nonato para não dividir a mesma cela com George Leal e Carlos Eduardo Cabral. Questionado pelo motivo, ele replicou: “Você ainda pergunta o porquê? Ele era meu amigo de infância e me colocou numa situação dessas. Mesmo assim, não guardo rancor”. Ele comentou, ainda, que todos os envolvidos no suposto esquema de desvio de recursos se conhecem há pelo menos trinta anos. “Eu fiz tudo por causa da confiança excessiva em George Leal. Tudo isso aqui no presídio tem sido um pesadelo”, comentou Fasanaro.
Investigações
O juiz titular da 7ª Vara Criminal, Armando Pontes, afirmou que ainda é muito cedo para detalhar os rumos do processo da Operação Judas. “Os acusados foram citados na semana passada e todos dispõem de 10 dias para apresentarem a defesa por escrito”, explicou o juiz. Épreciso confrontar a denúncia oferecida pelo MP com o conteúdo da defesa para que se confirme a veracidade das acusações. Do ponto de vista jurídico, o processo é simples e todas as peças apresentadas à Justiça pelo MPestão bem elaboradas. O juiz, entretanto, preferiu não delimitar um prazo para a conclusão do processo. “Tanto os defensores quanto o MP podem incluir novos documentos nas peças entregues”, comentou Armando Pontes. O prazo final para a entrega das defesas termina no próximo dia 5 de março.
Justiça se pronuncia até sexta-feira sobre Sinal Fechado
Passados três meses da deflagração da Operação Sinal Fechado, uma nova data para o pronunciamento da juíza titular da 6ª Vara Criminal, Emanuella Cristina Pereira Fernandes, acerca do recebimento ou não da denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual contra 34 pessoas foi anunciada. A direção da Secretaria da 6ª Vara confirmou que a magistrada está se esforçando para proferir sua decisão até a próxima sexta-feira. O processo, composto por 336 volumes distribuídos em cerca de 10 mil páginas, está sob análise da juíza desde o mês de novembro do ano passado. Durante a Operação Sinal Fechado, que investiga supostos pagamentos de propinas a agentes públicos para viabilização de licitações fraudulentas e implementação de cobranças de serviços abusivas no Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RN), 14 pessoas foram presas. Dentre os detidos que obtiveram relaxamento de prisão através do deferimentos de habeas corpus pela Justiça Estadual estão o suplente de senador João Faustino, o ex-procurador-geral do Detran, Marcus Vinícius Furtado da Cunha além de empresários e advogados. Até hoje, três acusados seguem detidos. O empresário e advogado George Anderson Olímpio da Silveira, está preso no Quartel da Polícia Militar. Seus defensores recorreram ao Superior Tribunal de Justiça para o deferimento de um habeas corpus que ainda não foi julgado. Os empresários Edson César Cavalcanti da Silva e Alcides Fernandes Barbosa seguem presos em Macaíba e São Paulo, respectivamente.

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